A Reinvenção da Informática

15/10/2011 09:32

 

O próprio termo “microinformática” já não é mais usado. Já faz um bom tempo que não ouço alguém falar assim. Eu pude testemunhar, por causa de meus anos de “experiência”, o nascimento dos computadores pessoais. Época dos Sinclair, Apple II, TRS-80, CP-500 e finalmente o IBM PC. Aliás, era uma época muito diferente. Um “PC” era totalmente isolado, independente dos outros, no máximo algo era trocado via anacrônicos disquetes. Tudo era muito simples.

Abrindo um parêntese, a ideia central deste texto está em minha cabeça há muito tempo, mas a morte de Steve Jobs foi o estopim de sua concretização. Percebi que provavelmente Jobs tivera uma participação no que chamo da reinvenção da microinformática. E que fique bem claro, não sou “fan-boy” da Apple. Meu celular é um Blackberry, não tenho iPod e sim um Sansa Clip como tocador de MP3, meu PC roda Windows 7 e é montado por mim mesmo e meu notebook não é um MacBook e sim um Thinkpad. E não tenho Tablet. Por tudo isso pode parecer que sou avesso à Apple. Mas isso também não é verdade. Mesmo tendo escrito recentemente o texto “O MAC é ótimo. Nem sempre”.

Nos primórdios dos computadores pessoais eles eram realmente pessoais. Nem rede havia. Ter um destes em casa era um luxo para poucos. Ainda mais sofisticado era ter também uma impressora. Normalmente as pessoas associavam seus computadores às tarefas singulares que necessitavam. Eram máquinas para desenhar, ou escrever ou jogar ou fazer cálculos… Nesta época o termo microinformática se estabeleceu principalmente nas empresas, como o contrário de apenas “informática”, representada pelos computadores de “grande porte” ou mainframes.

O tempo passou e os computadores pessoais tornaram-se conectados. Ganharam funções e mais funções. Na minha visão, para um uso “democrático”, tornaram-se complexos. Veio o tempo das grandes redes locais, cliente-servidor, “downsizing” e muitos computadores grandes (claro que não todos) perderam seu lugar para os “micros”.

Principalmente nas empresas, o que era simples ficou complicado. Regras e mais regras, políticas de segurança, boas normas, boas práticas… Isso tudo está certo, era necessário mesmo. Mas aquele tempo do PC como uma grande e muito melhor calculadora que se podia usar para tomar decisões de forma isolada e com privacidade, se foi. Novos tempos, novas necessidades, enfim, a evolução.

Não é questão de saudosismo. Mas tudo foi ficando mais complexo. Surgiu vírus para computador. Depois programas para rastrear o disco em busca de ameaças. Mais tarde isso não era mais suficiente, tinha que ter uma ferramenta 100% do tempo buscando por programas maliciosos! Computadores que vinham de fábrica com um sem número de programas pré-instalados pelo fabricante, os quais não eram usados e enxovalhavam ainda mais o ambiente.

Até aqui Mr Jobs não foi citado, mas ele sempre foi uma voz contrária a esta direção. Seu modelo de produto era “homogêneo”, sem interoperabilidade com o mundo PC (pelo menos no começo). Criticado por fazer de seu produto um “feudo”, em uma época que “plataforma aberta” era a palavra da moda. Ia na direção contrária. Mas por outro lado tinha o controle total da qualidade de sua solução. E também conquistava o seu cliente pelo lado “charmoso” e de design arrojado de seus produtos. Assim era capaz de fazer muito dinheiro, como de fato fez ao longo dos 35 anos de existência da Apple Computers (1976-2011)